Antônia, chega no escritório todos os dias e nem sempre cumprimenta seus colegas de trabalho, Pedro também segue quase sempre esse mesmo comportamento no dia a dia dentro do local de trabalho.

Esses dois personagens por conta do comportamento, muitas vezes podem ser alvos de comentários.

É provável que os colegas digam:

Esses dois funcionários parecem que estão sempre com o “ego inflado”, será que eles não conseguem deixar de lado esse “ego”!?

Outro colega de trabalho continuamente faz elogios a equipe, talvez você possa ouvir comentários como: Ele somente diz isso para: amaciar o “ego” dos colegas

Possivelmente você já tenha ouvido essas frases pelos corredores da empresa, academia, grupo escolar, entre outros ambientes.

São comentários de senso comum, que nem sempre diz respeito ao conceito. Mas que de certa forma pode nos aproximar do termo conceitual.

O que é ego?

 

Ego (do latim, “eu”, lugar em que se reconhece, eu de cada, considerada pela psicanálise uma das três estruturas do modelo triádico do aparelho psíquico: Id, Ego e Superego.

O ego desenvolve-se a partir do Id, na medida que o bebê vai se desenvolvendo e tomando consciência de sua própria identidade, com o objetivo de permitir que seus impulsos sejam eficientes, ou seja, levando em conta o mundo externo: é o chamado princípio da realidade. É esse princípio que introduz a razão, o planejamento e a espera no comportamento humano. A satisfação das pulsões é retardada até o momento em que a realidade permita satisfazê-las com um máximo de prazer e um mínimo de consequências negativas. 

Em 1923, Sigmund Freud através de seus estudos trouxe a luz suas conclusões sobre a estrutura do aparelho psíquico. Definindo a estrutura psíquica como: Ego, Id, Superego.

Para Freud, o ego baseia-se que todo evento psíquico é determinado por eventos anteriores, ou seja, não há acasos. O ego também se baseia na existência do inconsciente, que se manifesta de diferentes modos na vida mental.

O ego é considerado como um “defensor da personalidade”, é responsável por impedir que os conteúdos inconscientes passem para o campo da consciência, acionando assim os seus mecanismos de defesa.

Uma das principais funções do ego é harmonizar os desejos do id com os valores morais do superego. Assim, o ego suprime as vontades inconscientes do id com “medo” dos castigos e sanções que lhe podem ser direcionados.

O ego é responsável pela diferenciação que o indivíduo é capaz de realizar, entre seus próprios processos interiores e a realidade que se lhe apresenta.

Entendendo melhor o que é o ego 

 

 É essencial entender o que é Id e superego. O Id é um conceito que abrange todas as vontades mais

primitivas do ser humano. Para ilustrar essa ideia, pense em tudo que você gostaria de fazer ou falar. Mas, pense sem limite, pois a ideia aqui é que você reflita sobre todas as situações possíveis ou impossíveis que você gostaria que fossem reais. Pensou?  Dentro desses seus pensamentos você pode encontrar emoções relacionadas a libido, paixão e agressividade.

Como ilustração vamos imaginar a temporada de Black Friday super lotada, onde todos querem entrar para adquirir os produtos com um valor atraente. É comum que tenha muito “empurra-empurra”, afinal, todos querem rapidamente comprar os melhores produtos com valores atrativos. Porém, nesse momento é possível que algumas pessoas usem a violência para conseguir uma posição melhor para acessar a loja, sendo essa uma manifestação do Id. 

Já o superego é uma espécie de escudo contra os desejos construídos pelo Id. É o superego que vai lembrar o indivíduo qual é o tipo de sociedade em que ele está inserido, consequentemente determinando se a ação é adequada ou não. Você pode associar essa estrutura à ética e à moral.

O ego

 

Mas afinal o que é Ego? Podemos inferir que é o meio termo entre Id e o superego. Basicamente, o ego é regido pelo princípio da realidade.

Exemplificando, pense que você precisa comprar um sapato e, ao ir à determinada loja um sapato lhe chama a atenção. Ao entrar no estabelecimento e pedir para que atendente lhe mostre esse sapato você percebe que custa muito caro, e que se comprar, poderá causar dificuldades financeiras para sua família. 

É nesse momento que o Id pode entrar em ação e incentivá-lo a comprar mesmo assim, querendo satisfazer suas necessidades. Em contrapartida o superego lhe orienta a não comprar, pois você não possui os recursos financeiros necessários para isso.  

Para regular essas orientações e nos manter presentes no contexto social, o ego nos puxa para a realidade e tende a encontrar um equilíbrio entre as possíveis ações, levando em consideração, principalmente, as pessoas ao seu redor, nesse caso, sua família, reconhecendo suas necessidades e desejos.

Sendo assim, ao invés de comprar esse sapato você pergunta ao atendente se possui algo que esteja dentro do seu orçamento.

Assim, a partir deste exemplo, é possível definir o ego como uma parte da mente humana, que diz respeito ao princípio da realidade, funcionando como o centro da consciência, que faz um contraponto ao núcleo superior, que no caso reconhecemos como o “Eu”, e tem como função principal a manutenção do equilíbrio psíquico.

Podemos dizer que o Ego é o grande equilibrista da psique humana, em alguns momentos, poderá ceder aos desejos do Id, sem que, para isso, precise passar por cima das regras determinadas pelo superego, mantendo assim o equilíbrio necessário para a tomada de ações.

O Ego e a origem das neuroses

 

Muita gente imagina que a ausência de ego é um comportamento benéfico, sociável. Mas, na verdade, se o ego não existisse, a pessoa perderia sua identidade. Ela não conseguiria diferenciar o eu e o outro, ou então o eu e as coisas. Levando ao extremo, essa indistinção levaria a um padrão patológico.

Em termos comportamentais e de relacionamento interpessoal, podemos dizer que:

  • Um ego inflado demais torna a pessoa narcisista, com um falso sentimento de superioridade e uma incapacidade de aprender e ouvir autocrítica. O ego inflado pode mascarar dores, traumas e frustrações. Então, isso pode denunciar uma condição de sofrimento, que o ego quer esconder.
  • Um ego frágil demais torna a pessoa submissa, suscetível a bullying e exploração. É um comportamento de alguém que se anula por falta de autoestima, como medo de não ser mais aceita por uma pessoa ou por um grupo.

Para Freud, o ego atua como um centro de consciência. O ego é responsável por papeis como:

  • O nosso lado mais racional, lógico, científico.
  • A nossa interpretação e ação no mundo exterior.
  • É o responsável pela nossa mente atenta, nosso foco, nossa concentração, por tudo o que você sabe sobre o que está fazendo agora.
  • É o responsável por um aspecto da identidade, quando você responde publicamente à pergunta “quem sou?”.
  • Busca uma satisfação comedida, negociando com o id e o superego, isto é, cedendo um pouco ao lado do puro desejo (id) e um pouco ao lado das obrigações morais e práticas da vida (superego).

O ego influencia nossa personalidade. Aliás, o ego é nossa própria personalidade, pelo menos a faceta pública dela, aquele lado que mostramos aos outros.

É possível controlar um ego exacerbado demais?

 

Sim, é possível controlar um ego exacerbado demais (narcisismo), ou mesmo evitar um ego fragilizado (baixa autoestima e depressão). Porém, paralelamente, é preciso tirar do ego o peso do superego rígido demais, buscar entender os desejos reprimidos, em alguma medida satisfazê-los.

Dentro desse cenário, para Freud a tarefa mais importante da existência humana é compreender a própria mente. Afinal, tudo que o que ocorre no mundo passa também em nossa mente. E muitas coisas que imaginamos também.

O Ego procura uma zona de conforto e não quer enfrentar as dores que estão submersas no Id. Mesmo o ego tendo sintomas (como a ansiedade ou a depressão), prefere manter esses sintomas a correr o risco de dores maiores.

Mas, ao usar seus mecanismos de defesa do ego e evitar o acesso ao inconsciente, o Ego também traz prejuízos. Afinal, as causas dos sintomas deixam de ser conhecidas e tratadas. E os prazeres e desejos que o Id guarda são também rechaçados.

Alguns autores sustentam que o superego atua na intenção de aperfeiçoar e civilizar o nosso comportamento. Ele trabalha especialmente para suprimir os impulsos inaceitáveis oriundos da nossa “estrutura primária”, o Id.

Dessa forma, o superego se esforça para compactuar com o ego nas normas idealistas, naquilo que seria o ideal a se realizar ao invés dos princípios mais realistas.

O superego, poderoso ao ser internalizado, está presente no consciente, pré-consciente e inconsciente.

Para os especialistas, ao discutirmos sobre o ID, ego, e superego, devemos ter em mente que eles não são três instâncias separadas com fronteiras bem definidas. Mas sim que representam uma variedade de diferentes processos e funções dinâmicas dentro do sujeito.

Assim, com essas projeções que se entrelaçam, com o ego colocado no meio, e se todas as exigências forem atendidas, o sistema, hipoteticamente, manteria o seu equilíbrio de poder psíquico e o resultado seria uma personalidade ajustada.

Concluindo... 

 

Se houver desequilíbrio dessas estruturas, o resultado seria então uma personalidade mal adaptada. Por exemplo, com um ID dominante, o resultado poderia ser um indivíduo impulsivo, com sérias dificuldades de socializações.

Com um superego hiperativo, o resultado pode ser um indivíduo radicalmente moralista, alienado a conceitos ortodoxos. Um ego potencializado, poderia criar um indivíduo apegado demais à realidade, rígido e incapaz de flexibilizações com regras ou estruturas.

Normalmente, esse ego extremado é incapaz de ser espontâneo. Por exemplo, expressar impulsos do Id, ou mesmo com a falta de um sentimento pessoal do que é certo e errado.

Por fim, o grande desafio humano é manter as três instancias equilibradas para que o individuo não se torne um ser patológico e desajustado no meio social.