Id em alemão, “ele, isso”, designado na teoria psicanalítica uma das três estruturas do aparelho psíquico. O id seria a fonte da energia psíquica (libido). É formado pelas pulsões, instintos, impulsos e desejos inconscientes. É regido pelo princípio do prazer, em alemão: “lustprinzip”, ou seja, busca o que produz prazer e evita o que é aversivo, não tem escrúpulos.
O Id tem como regra buscar soluções imediatas, não faz planos, não espera, quer a satisfação imediata para os seus desejos, tensões, não aceita frustrações e não conhece a inibição. Ele não tem contato com a realidade. Busca satisfação na fantasia e pode ter o mesmo efeito de uma ação concreta para atingir um objetivo. O Id desconhece: juízo, lógica, valores, ética ou moral. É exigente, impulsivo, cego, irracional, antissocial e egoísta.
Freud
Freud fez uma analogia do Id ao cavaleiro e a montaria
Analisando o Id e uma montaria. Imagina-se um cavalo de instinto selvagem. Esse animal encontra-se livre para correr, pastar e cruzar com quantas éguas for possível. Contudo, esse cavalo nasceu em uma fazenda e sempre foi criado dentro de um estábulo.
O animal, no entanto, não conhece a liberdade dos campos verdejantes. Porém, ele ainda carrega a carga genética de ser livre, indomável, com instintos próprios de vida e prazer. E ele vai crescendo sem conhecer arreios, freios e pessoas. Apenas vivendo segundo seus instintos primitivos.
Assim é o Id, desenvolvendo-se de natureza pulsional, segundo os princípios da preservação e da propagação da vida. Ele fica restrito e oculto na escuridão do estábulo da mente humana, mas inconscientemente livre e ávido por satisfação e prazer.
Por sua vez, há ainda o jovem ego, que também nasceu nessa fazenda, mas, ao contrário daquele cavalo selvagem, mantém contato com o mundo exterior.
Algumas vezes, o jovem ego vai até o estábulo, observa aquele lindo animal, e, inconscientemente, pensa nas delícias de montar e cavalgar livre e sem rumo pelo mundo afora.
Racionalmente, ele avalia os prós e os contras dessa atitude. Ele controla as suas ansiedades, revive os seus medos e se conscientiza (ou não) da necessidade de primeiro “domar” aquela fera, por arreios. Depois, treinar repetidamente a montaria e, então, traçar um caminho seguro para se seguir.
Também avalia o quanto valeria a pena (ou não) cavalgar o ego pela fazenda e pelo mundo exterior. Ou simplesmente caminhar normalmente, a pé mesmo, como a maioria faz, e como aprendeu evolutivamente desde sua infância.
Dentro dessa analogia podemos compreender que o Id é o cavalo selvagem pronto para realizar seus desejos mais primitivos, e saciar toda a sua necessidade sem limites.
O Ego
Mas se as outras estruturas psíquicas: Ego e superego não estivessem presentes provavelmente ser regido somente pelo Id, o individuo entraria em colapso, já que não é possível ser livre como um cavalo selvagem no meio social.
Freud denominou o Id como uma das três instâncias do aparelho psíquico, dessa forma temos a instância que alimenta a libido, a nossa energia psíquica que direciona à vida e as realizações. Constitui-se por meio de instintos, pulsões, impulsos orgânicos e desejos inconscientes que nos movimentam a fazer ou ser algo. Em suma, temos o catalisador que nos empurra, por assim dizer, a produzir e fazer outras coisas acontecerem.
Essa parte funciona de acordo com o princípio do prazer, independente do que isso possa ser e representar. Nisso, sempre buscará aquilo que pode trazer prazer e vai evitar qualquer objeto de conquista contrária.
A natureza do ID
A natureza do Id é caracterizada, entre muitos aspectos, por sua impaciência fervorosa e até perigosa, dependendo da situação. Isso porque não se dá ao trabalho de formular planos e investe constantemente em respostas imediatas. Como pode imaginar, manter essa influência tão ativa prejudica arduamente o desenvolvimento de ações no cotidiano.
Em consequência, isso acaba fazendo com que nos afastemos da realidade, assim como essa instância faz. Nossas tensões são itens urgentes e tem de ser atendidas o quanto antes, independente do custo. Sem contar que não vai aceitar ser frustrado e desconhece por completo o conceito de inibição ou vergonha.
A fantasia por mais absurda, o satisfaz e o move sempre em direção a ela sem entender os custos. Independente do objetivo, fará de tudo para que possa concretizá-lo.
4 instâncias psíquicas
Nas 4 instâncias psíquicas, o Id é facilmente reconhecível por conta de sua natureza mais chamativa. Aprofundando essa discussão, ele está em constante embate com o Ego e Superego para tomar conta e ceder à selvageria. Com isso acaba se caracterizando por:
Impulsivo, Exigente, Irracional, Egoísta.
Impulsivo
Não existe hesitação e qualquer ação é tomada sem pensar nas consequências. Por causa disso que muitos conflitos e situações assumem proporções drásticas que não deveriam.
Exigência
Vai desejar as suas vontades o quanto antes para si, independente das dificuldades e quais sejam.
Irracional
Abraça por completo o seu instinto sem fazer ponderações, escolhas ou pensar em consequências. Existe quase que uma cegueira, de modo que as suas próprias percepções o nublem.
Egoísmo
Não existe nada além do “Eu” e todo esforço e conquista realizado acaba se direcionando apenas para ele. Aliás, isso é um indicativo sobre as relações pouco saudáveis que têm mantido ao longo do caminho.
Como viver em harmonia com essa instância tão selvagem?
A harmonia pode vir primeiramente do fato de reconhecermos a sua existência. Identificar que parte da nossa psique se parece mais com um animal indomável do que com um animal doméstico e que muitas vezes vamos agir por puro instinto.
Muitos de nossos desejos serão sucumbidos e regidos pelo ID. Essa força que busca suprir nossos desejos.
Na tomada de decisões, é importante reconhecer que uma parte integral de nossa psique (ID) deseja mais gratificação instantânea do que qualquer outra coisa.
Para evitar que o id controle sua vida, aceite que isso terá uma influência emocional em você e resolva isso de duas maneiras:
Não tente fazer mudanças drásticas em seu comportamento, faça mudanças sutis que compõem com o tempo. O Id odeia desconforto, e sempre que você fizer um grande compromisso para mudar sua vida, o Id vai se rebelar contra isso, inundando você com sentimento de estresse. Por exemplo:
- Se você quiser se exercitar mais, comece aos poucos e aumente gradualmente.
- Se você quiser deixar de fumar, faça uma regra para fumar apenas um certo número de cigarros por dia e reduza o número ao longo de vários meses até chegar a zero.
- Muitas vezes somos apanhados em nossos desejos emocionais, mas podemos aprender a ganhar controle sobre nossas emoções. Pesquisas científicas mostraram que a atenção plena fortalece nosso autocontrole e nos ajuda a tomar boas decisões.
Precisamos entender que essa instância não é má, mas é perigosa. É importante reconhecer que temos essa força dentro de nós e que se não conseguimos controlar, com certeza nós seremos controlados por ela. Precisamos aprender a nos relacionar com o Id de maneira saudável, para que nossa psique tenha equilíbrio. E esse equilíbrio será o ponto de partida para uma vida mais leve e madura.
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